sábado, 9 de agosto de 2008

... Deep Shadows

À uns dias atrás perguntaram-me porque é que eu gostava do lado sombrio das coisas.

Óbvio que percebi o cerne da pergunta, mas… porque intitular o que eu gosto como “sombrio”?

A pergunta veio depois de ter respondido a outras tantas como: “Qual é o teu filme preferido?”; “Que tipo de música gostas?”; “O que gostas de fazer?”, e mais umas quantas das quais já não me lembro. Como sempre, respondi com sinceridade e disse que gostei bastante de ver O Corvo, gosto de ouvir heavy-metal e gosto da chuva, respectivamente.

Penso que as pessoas chamam “lado sombrio” àquilo que desconhecem ou que receiam. Desconhecem porque é escuro (sombrio) e por ser escuro, temem. Mais uma vez, esta ideia foi formalizada por que inventou o Bem e o Mal e por sua vez, o Céu e as Trevas. Depois teve a necessidade de distinguir uma da outra e colocou a luz no Paraíso e a escuridão no Inferno. Como para mim, tudo isso não passam de invenções, ideias para educar uma população carente de crenças, eu não consigo distinguir uma da outra, a não ser o facto de estar escuro ou claro, dia e noite … mas percebo a curiosidade de quem me faz as perguntas.

Agora, respondendo à questão inicial. Como qualquer pessoa normal, existem sons que me agradam mais do que outros. Existem sítios que me transmitem algo que preciso naquele momento. Também existem pessoas com as quais me identifico mais. Isso tudo advém da maneira como assimilo tudo o que vejo e ouço, até porque ver e ouvir são dos actos mais nobres do Homem.

Gosto do preto que por acaso é a mistura de todas as cores, gosto da chuva que sendo composta por água pode estar associada à Vida, gosto do heavy-metal porque faz-me gritar bem alto e sentir-me vivo, gosto da Lua porque ao vê-la é sinal que consegui chegar ao fim de mais um dia e gosto de mim, … porque compreendo-vos!

"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é."
Fernando Pessoa